Torre de Observação Panorâmica de Belinho

torre observacao panormaica belinho_ (2)

Descrição

Outrora um sinuoso e dinâmico sistema dunar, o meio envolvente à Torre de Observação Panorâmica de Belinho é agora constituído por um mosaico agrícola de culturas temporárias de regadio, protegido do avanço do mar pela sua caraterística praia de seixos rolados e um estreito, mas resiliente cordão de duna ainda com pinheiro-bravo (Pinus pinaster).

A montante, as galerias ripícolas de amieiros (Alnus glutinosa) e salgueiros (Salix spp.) assinalam na paisagem a presença dos regos que, além de garantirem a água para os campos de cultivo, têm suportado as condições ecológicas indispensáveis para várias populações de anfíbios, entre as quais se distingue a de salamandra-de-costelas-salientes (Pleurodeles waltl), que encontra no concelho de Esposende o seu limite norte de distribuição no litoral peninsular.

O progressivo abandono das parcelas agrícolas está a devolver a esta área algumas comunidades vegetais próprias das dunas abrigadas. Os goivinhos-da-praia (Malcolmia litorea), as perpétuas-das-areias (Helichrysum italicum) ou as madorneiras (Artemisia campestris) subsp. maritima instalam-se agora entre espécies de plantas ruderais e sob o avanço opressor da vegetação infestante exótica, como as canas (Arundo donax), os chorões-das-praias (Carpobrotus edulis) e as austrálias (Acacia longifolia). Os montículos de areia na beira dos caminhos que recortam estes campos também se sustém nas redes formadas pelos rizomas (caules subterrâneos como raízes) do estorno (Ammophila arenaria). São abrigo e zona de caça de várias espécies de répteis, tais como o maior lagarto europeu –o sardão (Lacerta lepida).

Nestes ambientes alterados de predominância agrícola abundam os roedores e os micromamíferos. As suas populações são controladas pela predação dos carnívoros, como a raposa (Vulpes vulpes) ou a doninha (Mustela nivalis), e sobretudo pelas aves de rapina. Durante o dia é comum observar aqui o peneireiro-vulgar (Falco tinnunculus), a águia-de-asa-redonda (Buteo buteo) e o gavião (Accipiter nisus) ou ainda, logo após o ocaso, a coruja-das-torres (Tyto alba). Por outro lado, a proliferação de invertebrados atrai outras aves de hábitos agrícolas. As garças-boieiras (Bubulcus ibis) e as poupas (Upupa epops) são das mais conspícuas. Entre os passeriformes catadores de sementes e insetos, destacam-se as espécies de cotovias (Alaudidae), cujas populações sofrem declínios acentuados em todo o continente. Outras aves como o pintarroxo (Linaria cannabina) emprestam mais cor a estes solos aráveis ou arenosos. Mas é ao nível do topo desta torre que, durante o período nupcial, melhor podemos contemplar os seus congéneres chamarizes (Serinus serinus) em aparatosos voos flamejantes.
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Quem ama a natureza, encontra beleza em todos os lugares
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