Os campos de cultivo em Masseiras | Permacultura intemporal

pnln-campos-masseiras

Descrição

Por masseiras denominam-se os campos de cultivo únicos, semelhantes a uma gamela ou tabuleiro de amassar o pão, ou ainda uma forma antiga de embarcação, usada para a apanha do sargaço. O sargaço assume aqui uma importante função na fertilização dos solos arenosos, assim como a abundância de água para que o que é cultivado brote.

Situadas num espaço geográfico reduzido, na faixa litoral entre Esposende (Apúlia) e a Póvoa de varzim (Aguçadoura), constituem um sistema agrícola caracterizado pelo aproveitamento e transformação do espaço dunar numa área agrícola de produtividade hortícola sem recurso a maquinaria.

Pensa-se que terão começado no séc. XIX e prolongou-se até meados do séc. XX, declinando após o fim da 2ª Grande Guerra, com a mecanização agrícola, a instalação de estufas e o uso intensivo de adubos químicos. Tiveram um grande desenvolvimento com a Crise Financeira de 1914-1918 no pós-Guerra, motivada pela fome geral existente no país e pelo excedente de mão-de-obra, que se dirigiu para os campos em busca de trabalho e, sobretudo, comida.

Constitui-se de diversas partes, entre elas a designar:

Valos (moios ou valados) : (1) depósitos de areia das dunas nos lados dos campos, resultantes da extração de sedimentos para a descoberta das “terras negras”, férteis e humedecidas pelos lençóis freáticos. Estes, servem de barreira aos ventos fortes que se fazem sentir, principalmente no verão (nortadas). Os taludes são geralmente cobertos de vinhas (2) para impedir que as areias resvalem ao longo das rampas. No topo são colocadas sebes secas ou canaviais (3) para fixação das areias. Para que as vinhas não sofressem com o calor, eram elevadas com pequenas estacas, permitindo um melhor arejamento (4).

Leiras ou regueiras, são o sistema de drenagem (5) dos campos agrícolas por onde a água é conduzida para regar ou escorrer o excedente.

Hoje quase inexistentes, podemos recordar que esta faixa litoral em tempos esteve outrora tomada por estes campos, abertos à enxada e a areia carregada em cestos de vime (gigos) por muitos homens, mulheres e até mesmo crianças, que encontraram aqui a única forma de sustento.

São, sobretudo, cultivados produtos hortícolas, como a cenoura, a cebola branca e vermelha, a batata, couve, alho comum e porro, o feijão-verde, o nabo e a nabiça.

Considerado um testemunho vivo de outros tempos, onde a mão-de-obra e as práticas sustentáveis predominavam, restam-nos atualmente poucos campos em funções.

Texto: Jorge Guedes
Translate »
Quem ama a natureza, encontra beleza em todos os lugares
Quem ama a natureza, encontra beleza em todos os lugares
E-mail: pnln@icnb.pt
Partilhar em:

Contacte-nos para quaisquer dúvidas ou informações.