Esta antiga lagoa é agora uma zona húmida (já intervencionada para aumentar a retenção de água), que apresenta uma grande sazonalidade no volume de água.
A comunidade aqui designada como caniçal, compreende os locais onde existe dominância de caniço (Phragmites australis), uma espécie hidrófila favorecida pelas zonas mais estagnadas dos cursos de água. Por vezes associados aos caniçais, ocorrem concentrações de várias espécies de tabúa (Typha spp.) e constituem um habitat de grande importância para muitas espécies de avifauna.
Um conjunto de espécies de aves utiliza este local para repousar e para se alimentar durante o período migratório, enquanto outras o utilizam para se reproduzirem ou como local de invernada. A presença de valas e o encharcamento generalizado deste biótopo favorece ainda a ocorrência de espécies de anfíbios que aqui se reproduzem.
A ladear a área de caniçal encontramos comunidades ripícolas arbóreas (florestas-galeria) caracterizadas pela presença de plantas da classe Querco-fagetea, como o amieiro (Alnus glutinosa), freixo (Fraxinus angustifolia), salgueiros (Salix spp.) e choupos (Populus spp.). Estas espécies contribuem para a fixação e manutenção das margens, pois são resistentes à submersão pelas cheias, regenerando os danos causados pelas mesmas.
Este habitat é considerado prioritário pela Diretiva Habitats.