Reconhecidas pelos altos índices de produtividade biológica, as zonas húmidas que se estendem ao longo do nosso litoral constituem um corredor ecológico vital para um grande número de espécies de aves, sobretudo as invernantes e as migradoras de passagem em rota entre a Europa setentrional e a África subsariana.
Integrado nesta valiosa e frágil cadeia natural, o Estuário do Cávado assume-se, pela localização estratégica, como um dos seus “elos” mais importantes.
Entre os vários biótopos que aqui se desenvolvem, destacam-se os sapais, os lodaçais a descoberto na maré-baixa e ainda os prados salgados atlânticos com o seu extenso juncal. Formado por comunidades vegetais bem adaptadas a um meio adverso como a gramata (Sarcocornia perennis subsp. perennis), a morraça (Spartina maritima) e caracterizado pelas periódicas submersões e pela alta exposição à salinidade, estes habitats beneficiam das elevadas cargas de nutrientes trazidas pela via fluvial e pela alternância das marés (quatro vezes por dia).
Nestas circunstâncias naturais prospera uma grande diversidade de organismos que suportam uma extensa cadeia alimentar, onde podemos encontrar poliquetas e crustáceos, uma diversidade de peixes, alguns mamíferos associados ao meio ribeirinho, e aves, em particular as limícolas, os patos e outras espécies aquáticas, bem como as rapinas que aqui encontram um vasto sustento e espaços amplos que lhes servem de refúgio e proteção contra múltiplos fatores de ameaças, entre os quais se destaca a perturbação e pressão causadas pelas atividades humanas.